O inglês é uma das línguas mais faladas no mundo. Como idioma, o inglês também está presente em diversos países. Tratado como uma língua universal, o inglês, ao redor do mundo, é utilizado e aprendido por falantes de diferentes línguas nativas.
Muitas organizações internacionais especificam o inglês como língua oficial ou de trabalho. Entre essas entidades, estão ONU (Organização das Nações Unidas), OMC (Organização Mundial do Comércio), OMS (Organização Mundial da Saúde), UE (União Europeia), COI (Comitê Olímpico Internacional) e FIFA (Federação Internacional de Futebol).
Considerado uma língua franca global, o inglês é protagonista em atividades como comércio internacional, relações políticas internacionais e divulgação científica.
Contrapontos do ensino de inglês como língua global
Existem alguns questionamentos pertinentes quanto ao ensino do inglês como língua global, quando isso acontece de forma insensata. O foco exagerado do inglês como língua global atrapalha a divulgação de grandes ideias em outras línguas? O que dizer sobre o mercantilismo no ensino do inglês? E sobre o uso excessivo do inglês a ponto de poder suprimir palavras de outras línguas, substituídas pelos falantes por palavras em inglês em seu uso rotineiro?
A educadora e professora de inglês Patricia Ryan, nascida no Reino Unido, com muitos anos de experiência no ensino de inglês para estrangeiros, pontua os questionamentos acima.
Para Patricia Ryan, o ensino de inglês passou de uma prática com benefícios mútuos para um massivo negócio internacional. Tornou-se um oportunismo para os países cuja língua nativa é o inglês.
Nem sempre fama e prestígio significa qualidade, mas algumas das universidades consideradas mais famosas e prestigiosas do mundo são do ocidente e em países de língua inglesa.
Se alguém planeja estudar em uma universidade de países como Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Austrália, por exemplo, não raro, é preciso provar que tem a capacidade de falar e estudar em inglês. E para tanto existem os testes de proficiência da língua inglesa. Entre os mais conhecidos, estão o TOEFL (Test of English as a Foreign Language) e o IELTS (International English Language Testing System).
Patricia Ryan discorda da proposição desses testes, pois acredita que são barreiras que podem dificultar ou impedir o desenvolvimento de muitos quadros de talento pelo mundo. E também leva em conta os custos envolvidos em cursos de preparação para exames de proficiência da língua inglesa, algo inviável para muitos estudantes.
São inúmeros os testes de inglês. Para Patricia, felizmente o físico alemão Albert Einstein e outros históricos pensadores da humanidade não precisaram passar por esses testes, que não eram praticados ou exigidos até meados dos anos 1960.
São reprovações da exploração mercadológica sem escrúpulos no ensino do inglês. O inglês deveria ser apenas a língua da oportunidade, não do oportunismo.
Motivos para se aprender inglês
Profissionalmente, o inglês é muito útil em vários setores de atividade. Ciência, computação, medicina, diplomacia, comércio internacional, turismo e aviação são exemplos de setores de atividades dos quais o inglês é muito envolvido.
O inglês também é importante na relação internacional entre empresas e profissionais, e na representação em eventos e conferências internacionais.
A utilidade de se conhecer inglês não se restringe aos aspectos profissionais. O conhecimento do inglês é capaz de ampliar as possibilidades de comunicação e aprendizagem.
Dessa forma, por exemplo, pode-se aprender com vários conteúdos que estão em língua inglesa. Desde pesquisas acadêmicas até entretenimento e cultura, como livros, revistas, filmes, podcasts e documentários.
Na parte de comunicação, quem conhece inglês pode se comunicar internacionalmente e com populações de diferentes culturas.
Quando se aprende inglês pela sobrevivência
Deng Majok-gutatur Chol tinha apenas dez anos quando uma terrível guerra civil no Sudão fez com que tivesse de fugir do país. Bombardeios aéreos passaram a ser frequentes e muitas crianças se tornaram alvos da perseguição de governantes que queriam executá-las antes que pudessem crescer.
Em Duk, na região central do Sudão do Sul, novo país formado, era onde Deng residia. Naquela época, Duk fazia parte do Sudão. Em 1987, Deng foi um entre dezenas de milhares de crianças que precisaram fugir do país, e sem a companhia dos pais.
Em direção a um destino desconhecido, descalço Deng fugiu para o leste. Apenas mais tarde, saberia que a caminhada estava em direção à Etiópia. Foram mais de mil quilômetros de caminhada em uma viagem que durou cerca de quatro meses e passou por bombardeios aéreos, leões e outros animais selvagens, altas temperaturas, desertos, selvas, florestas e rios, com fome e sede em vários momentos, até chegar à Etiópia, o primeiro refúgio. Alguns companheiros de Deng não sobreviveram para chegar ao final da viagem.
Nos três anos seguintes, Deng permaneceu em um campo de refugiados na Etiópia.
Inicialmente, o ambiente era pacífico, mas a fome era generalizada e havia muitos casos de varicela, sarampo, tifoide, hepatite e desnutrição aguda.
Em 1991, os refugiados foram perseguidos na Etiópia e expulsos do país que também passava por conflitos. Novamente, Deng se via sem abrigo. Neste período, horrores da insanidade humana foram responsáveis por vitimar fatalmente muitas crianças, entre elas, vários de seus companheiros. Tiros, exaustão, fome e desidratação foram as causas.
Paz, esperança, alegria, calma e educação ainda estavam distantes da realidade do ambiente.
Com os refugiados expulsos da Etiópia, Deng novamente teve que fugir e desta vez foi para uma área de fronteira entre Sudão e Quênia. Então, foi um ano nessa região de selva, a esquivar de bombardeios aéreos, animais selvagens, doenças, fome e beligerantes armados.
Com o apoio de algumas ONGs, Deng foi levado ao campo de refugiados de Kakuma, no norte do Quênia.
Até os treze anos, Deng não sabia ler e escrever. Em meio a toda essa jornada terrível, Deng começou a estudar. Entretanto, várias vezes, pela falta de material adequado, sem caderno e caneta, Deng usou a areia do solo como papel e seu próprio dedo como caneta.
E foi nesse cenário que Deng aprendeu inglês por conta própria. Com comparações de palavras em inglês e sua língua nativa, o Dinka, Deng manuscreveu seu próprio dicionário.
Foram dez anos em campos de refugiados ou em fuga, até que Deng teve a oportunidade de ser recebido nos Estados Unidos, juntamente com cerca de 4000 refugiados, que ficaram conhecidos como os meninos e meninas perdidos do Sudão.
Nos Estados Unidos, Deng obteve graduação na Universidade Estadual do Arizona, MBA na Universidade George Washington e mestrado em administração pública na Universidade de Harvard.
Profissionalmente, Deng se tornou pesquisador, palestrante, consultor e escritor. Além disso, foi um dos fundadores da instituição Lost Boys and Girls of Sudan, e colaborou para a estabilidade e educação de seus treze irmãos.
O mundo já observou muitos conflitos e milhões de refugiados, o que Deng classifica como um desperdício de capacidade humana.
Neste exato momento, provavelmente, seja em um campo de refugiados, em uma instituição educacional renomada ou em curso on-line pala internet, alguém procura aprender inglês em busca de oportunidades e/ou do aprimoramento de conhecimentos. Que o mundo consiga traduzir o significado da palavra peace.