21. Sentença e Coisa Julgada

O estudo do Direito Processual Civil é fundamental para a compreensão e a aplicação do Direito em litígios civis. Dentro desse ramo, dois conceitos são essenciais e complexos: a sentença e a coisa julgada. A sentença é o ato pelo qual o juiz decide, total ou parcialmente, a controvérsia posta a seu julgamento. Por sua vez, a coisa julgada é a qualidade que torna imutável e indiscutível a decisão judicial, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário.

A Sentença no Processo Civil

De acordo com o Código de Processo Civil (CPC) brasileiro, a sentença é o ato do juiz que implica alguma das situações previstas nos artigos 485 e 487 do referido código. A sentença pode ser de mérito, quando o juiz analisa a questão central da lide, ou terminativa, quando o processo é finalizado sem a análise de mérito, por questões processuais.

Uma sentença deve conter uma parte narrativa, onde se relata o pedido e a defesa; uma parte fundamentativa, onde se discorre sobre os motivos de fato e de direito que levaram àquela decisão; e uma parte dispositiva, que é a conclusão do juiz e o que efetivamente decide a lide.

A sentença de mérito pode ser declaratória, constitutiva, condenatória ou mandamental. Cada uma dessas tem efeitos específicos sobre as partes e sobre a matéria litigiosa. A sentença condenatória, por exemplo, impõe uma obrigação a uma das partes, enquanto a declaratória limita-se a declarar a existência ou inexistência de uma relação jurídica.

A Coisa Julgada

A coisa julgada é um instituto que confere segurança jurídica às relações sociais, impedindo que uma matéria já decidida seja rediscutida indefinidamente no judiciário. Ela pode ser formal, quando diz respeito à imutabilidade da decisão dentro do mesmo processo, impedindo a rediscussão da matéria nele; ou material, quando se refere à imutabilidade da decisão em qualquer outro processo, ou seja, a decisão não pode ser rediscutida em outro processo, mesmo que entre as mesmas partes.

A coisa julgada material é o que realmente traz a paz social, pois após o trânsito em julgado de uma sentença de mérito, a decisão torna-se indiscutível e obrigatória para todas as partes, não sendo mais possível questioná-la judicialmente. A exceção a essa regra são as ações rescisórias, que são ações destinadas a desconstituir uma sentença transitada em julgado, mas são cabíveis apenas em hipóteses taxativamente previstas em lei.

Efeitos da Coisa Julgada

Os efeitos da coisa julgada não se limitam às partes do processo. Em determinadas situações, como nas ações coletivas, a coisa julgada pode atingir um número maior de pessoas. Além disso, a sentença pode ter efeitos erga omnes (para todos) ou ultra partes (além das partes), dependendo do tipo de ação e de sua finalidade.

Outro aspecto importante é a limitação subjetiva e objetiva da coisa julgada. A limitação subjetiva refere-se às pessoas entre as quais a decisão produz efeitos, enquanto a limitação objetiva diz respeito ao conteúdo da decisão que se torna imutável. Apenas o que foi efetivamente decidido na sentença e que se tornou indiscutível é que está protegido pela coisa julgada.

Limites da Coisa Julgada

Embora a coisa julgada seja um princípio fundamental para a estabilidade das relações jurídicas, ela não é absoluta. A própria legislação prevê hipóteses de relativização da coisa julgada, como nos casos de sentenças manifestamente injustas ou que contrariem flagrantemente a ordem jurídica. Essas situações, no entanto, são excepcionais e devem ser manejadas com extrema cautela, sob pena de comprometer a segurança jurídica.

Conclusão

A compreensão dos institutos da sentença e da coisa julgada é indispensável para o operador do Direito. A sentença é o ponto culminante do processo, a materialização da tutela jurisdicional. A coisa julgada, por sua vez, é o mecanismo que confere estabilidade e segurança às decisões judiciais, evitando que conflitos já resolvidos continuem a consumir recursos do judiciário e das partes. No entanto, é necessário estar atento às nuances e às exceções que permeiam esses conceitos, a fim de garantir a correta aplicação do Direito e a justiça das decisões judiciais.

Agora responda o exercício sobre o conteúdo:

Qual das seguintes afirmações sobre a sentença e a coisa julgada no Direito Processual Civil está correta?

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